O inseto alado

(traduzido de Lamartine)

Em pós teus passos seguir eu vou,
De mim retira tua infantil mão;
Ó bom menino, pois eu não sou
O que imagina tua presunção.

Muito semelho na cor vistosa
À borboleta que, peregrina,
Busca a criança, procura a rosa,
Eu revoada pela campina.

Tocar me queres? Que intento vão!
As chamas tocas tu por ventura?
Escapo e zombo da sua mão:
Eu sou uma alma, desci d’altura.

Eu sou uma alma, centelha etérea ,
Que as leis secretas de Deus advinha
Para na terra somar matéria
Eu desci ontem da estrela minha.

Niterói, 28-03-1922

Em pós – no encalço de, à procura de; após.

Etérea – que pertence à esfera celestial; divina.

Parece ser adivinhar no presente e não advir no imperfeito do indicativo.

Produção Digital: Silvia Avelar @ 2011