Partida
Vinha rompendo ao longe a madrugada
Era o dia fatal, o dia da partida.
A dor que me assaltou na despedida
Sabe-o bem quem deixou a casa amada
Pela primeira vez. Desci a escada...
Deixei-lhe num olhar parte da vida.
Minha mãe a chorar muito sentida
Olhou-me até sumir no pó da estrada.
Lasso, sentei-me do caminho à borda
E como quem de longo sono acorda
Olhei em torno, tudo era bonança...
Sorria o vento à música dos ninhos,
Cantavam festivais os passarinhos
Um cântico sublime de esperança.
Niterói, 31-03-1922