Volta

Eis-me de volta ao meu solar antigo
Depois de longos, tenebrosos anos,
Passados a formar milhões de planos,
De um dia regressar ao teto amigo!

A porta aberta em par... disse comigo:
Vou sorprender lá dentro a mãe e os manos...
Mas tudo era deserto! Em desenganos
Mudou-se me a ilusão, meu terno abrigo.

O teto a desabar... o parque em calma...
Cinzas das coisas mortas, ruínas d’alma
A mim tal dor poupai por caridade...

Triste chorei como Jesus no horto,
Ali, à vista do passado morto,
O pranto de dez anos de saudade.

Niterói, 31-03-1922

Produção Digital: Silvia Avelar @ 2011