Luta íntima

É alta noite. Uma tristeza enorme
Invade o quarto amortalhando tudo...
A voz do vento apenas, a miúdo,
Dizer-me vem que ele também não dorme.

Passeio os olhos: tudo é morto e quedo...
Nem um suspiro o atroz silêncio corta.
Somente a lua sonolenta exorta
Os gênios seculares do arvoredo.

Debalde a pálpebra fechar eu tento:
Vem-me uma ideia, vem-me um pensamento
Avassalar a mente, em abandono;

Enquanto dorme tudo em doce calma,
Luta o meu corpo contra as forças d’alma
E em vão busco dormir, foge-me o sono.

Niterói, 10-04-1922
Produção Digital: Silvia Avelar @ 2011