Via sacra
Segue Jesus, o meigo nazareno,
Por entre a multidão. O passo vário
Incapaz dir-se-ia de o Calvário
Alcançar por um íngreme terreno.
Caminha a malta em regozijo pleno.
Cristo vacila ao peso extraordinário
Da cruz. Simão, o rude proletário,
Faz que o peso lhe seja mais ameno.
O mestre esquecendo a própria dor,
Ardendo em caridade, cheio de amor,
Olhou sereno a turba e alçou a voz,
Vendo as mulheres santas que o seguiam,
Em lágrimas desfeitas que corriam:
Não choreis por mim, mas chorai por vós.
Niterói, 13-04-1922